O amor tem seus mistérios. Clichê.  A falta dele tem muito mais. O mesmo sentimento que aponta caminhos nem sempre seguros – mas mais suaves – para uma existência pode também ser aquele que encerra obstáculos intransponíveis tornando a vida um eterno e cíclico movimento rumo à clausura do corpo e da alma. Um amor bonito explode em alegria, força. É o combustível para que alguém se abra para a vida. Um amor machucado nos encerra em nós mesmos. Não há maior ferida a ser curada que a de um amor que não deu certo. Há que se reconhecer o belo na dor de um amor não concretizado, não vivido à “despaixão”. Assim não fosse, a Arte já teria perecido na doce aridez de um amor romântico e perfeito. Não há amores certos ou errados. Há naturezas de amor. O Longe é aqui trata da insânia de um amor genuíno, diferente, de renúncias, mágoas e intransigências culminando com a vida real se interpondo e realinhando as peças do jogo. Maior que todo amor, só a vida, e a maior distância a se percorrer é aquela para dentro de nós mesmos.